Bom dia,
Hoje encontrei este artigo muito bem explicado sobre a diferença entre a LUZ PULSADA (IPL) e o LASER.
Copiei o artigo por completo e limitei a incluir imagens. Este artigo foi escrito pela fisioterapeuta Silvilena Bonatti.
..."Muitas pessoas confundem o IPL com Laser de alta potência, porém trata-se de equipamentos diferentes."
A luz intensa pulsada (IPL, do inglês Intense Pulsed Light)
incialmente foi utilizada para tratamento de lesões vasculares, na
década de 70. Em 1983, Anderson & Parrish publicaram na revista
Science a “Teoria da Fototermólise Seletiva”, que veio esclarecer o
mecanismo de ação dos equipamentos de alta potência. Assim, houve um
grande número de pesquisas realizadas com o IPL e outros recursos da
fototerapia, surgindo suas várias outras indicações além do tratamento
das lesões vasculares. A partir de 1994, o IPL deixou de ser apenas um
objeto de pesquisa e passou a ser vendida comercialmente e, atualmente, é
um dos recursos mais procurados e utilizados para fins estético.
Muitas pessoas confundem a IPL com Laser de alta potência, porém
trata-se de equipamentos diferentes. Ambos se baseiam na foto-termólise
seletiva, mas apresentam aspectos diferentes relacionados ao
comportamento da luz que emitem.
O Laser é monocromático (possui um único
comprimento de onda, que determina sua cor), é coerente (as suas ondas
se propagam na mesma frequência) e colimado (propaga-se em apenas uma
direção).
o IPL é policromática (emite vários feixes com vários
comprimentos de onda, entre 400 e 1200 nm), é incoerente (as ondas não
possuem a mesma frequência) e não colimado (propaga-se em várias
direções, por isso é um flash).
Além destas diferenças técnicas, o IPL apresenta um custo reduzido, menor risco de efeitos colaterais,
como queimaduras e discromias, além de permitir trabalhar com fototipos
de Fitzpatrick maiores (V e alguns equipamentos já possuem tecnologia
para atender o VI, porém o resultado é inferior ao obtido em peles
claras).
A fototermólise baseia-se na absorção de fótons, emitidos pelo IPL,
pelos cromóforos da pele (hemoglobina e melanina principalmente), que
gera intensa transferência de elétrons e emite energia sob a forma de
calor (ANDERSON & PARRISH, 1983; HAEDERSDAL et al., 2012).
Este aquecimento ocorre apenas nas estruturas que contem os cromóforos e
causa sua coagulação e necrose, que leva a um processo inflamatório
sub-clínico. Deste processo é que virão as principais indicações do IPL:
remoção de pelos, hipercromias e telangectasias.
Na remoção de pelos, o principal cromóforo é a melanina do pelo.
Ela que conduzirá a energia através da haste até o folículo, onde
ocorrerá a foto-coagulação e consequentemente não nascerá mais pelo neste
local. Lembrando que o pelo deverá estar na fase anágena para que a luz
se propague até o alvo, não deve ser retirado por tração (cera ou
pinça) e que a presença de tatuagens pode contra-indicar o tratamento,
uma vez que a luz tem afinidade pelo pigmento.
No caso das telangectasias, a hemoglobina é o cromóforo responsável
pela absorção dos fótons e coagulação dos microvasos ectásicos. Nas
hipercromias, também é a melanina que participa: o aquecimento, gerado
pela transmissão dos elétrons, acarreta no rompimento da membrana do
melanossoma e absorção do pigmento fica por conta das células
inflamatórias que migrarão para o local da lesão.
Neste caso, vale a
pena ressaltar que o IPL age apenas no pigmento em questão, a melanina, e
não atua sobre os melanócitos, o que leva muitos estudos atentarem
sobre a necessidade do uso de algum medicamento ou dermocosmético que
atue na função destas células ou então da combinação com o Laser Nd-YAG
que inibe a atividade melanocítica (NA et al., 2012).
Uma outra aplicação importante do IPL é no rejuvenescimento e
fotorejuvenescimento. Neste último soma-se à ação nas hipercromias o
rejuvenescimento, em que o IPL promove aquecimento rápido do tecido, em
torno de 70 oC, que é responsável pela termocontração do
colagéneo e também aumenta a atividade dos fibroblastos estimulando a
síntese de matriz extracelular, em especial colagéneo e elastina, que se
depositam de modo mais organizado.
Este fato foi demonstrado em um
estudo clínico de Patriota et al. (2011), que observaram um
aumento da síntese de colagéneo e elastina bem como seu melhor
alinhamento até 6 meses após o tratamento com IPL em face. Os intervalos
entre as sessões são de 2 a 4 semanas conforme o objetivo.
Epilação e
tratamentos em fototipos maiores, 4 semanas, por conta do ciclo do pelo;
as outras indicações ficam entre 2, 3 e 4 semanas.
Os parâmetros como
densidade de energia, duração do pulso e intervalo entre pulsos, são
ajustados pelos equipamentos, hoje em dia mais modernos, em função das
informações registradas nele: objetivo, fototipo e no caso de epilação,
espessura e cor dos pelos.
Entretanto, é possível programar manualmente também, sendo que
fototipos menores permitem o uso de densidades de energia maiores.
O
número de sessões varia entre 3 a 10, em média, conforme o equipamento,
indicação de tratamento, ajuste adequado dos parâmetros e forma de
aplicação.
O IPL é um recurso eficaz dentro das indicações estéticas
propostas e que requer treinamento e experiência para obtenção de
sucesso nos resultados. Como em qualquer tratamento, sempre é
conveniente realizar uma boa anamnese e exame clínico, bem como
registrar com fotos, termo de consentimento e sempre ficar atento à
evolução de cada cliente.
REFERÊNCIAS
Anderson RR, Parrish JA. Selective photothermolysis: precise
microsurgery by selective absorption of pulsed radiation. Science. 1983
Apr 29;220(4596):524-7.
Babilas P, Schreml S, Szeimies RM, Landthaler M. Intense pulsed light (IPL): a review. Lasers Surg Med. 2010 Feb;42(2):93-104.
Fodor L, Carmi N, Fodor A, Ramon Y, Ullmann Y. Intense pulsed light
for skin rejuvenation, hair removal, and vascular lesions: a patient
satisfaction study and review of the literature. Ann Plast Surg. 2009
Apr;62(4):345-9.
Haedersdal M, Beerwerth F, Nash JF. Laser and intense pulsed light
hair removal technologies: from professional to home use. Br J Dermatol.
2011 Dec;165 Suppl 3:31-6.
Na SY, Cho S, Lee JH. Intense Pulsed Light and Low-Fluence Q-Switched
Nd:YAG Laser Treatment in Melasma Patients. Ann Dermatol. 2012
Aug;24(3):267-73.
Patriota RC, Rodrigues CJ, Cucé LC. Intense pulsed light in
photoaging: a clinical, histopathological and immunohistochemical
evaluation. An Bras Dermatol. 2011 Nov-Dec;86(6):1129-33.